Você já deve ter ouvido alguém justificar a permanência em determinada instituição bancária por conta dos benefícios acumulados com todos os anos como cliente daquela corporação. Afinal, se o banco conhece seu histórico de boa conduta, você pode ter benefícios como crédito pré-aprovado ou outras facilidades. Daí surge o Open Banking.
Mas e se outros bancos passarem a oferecer produtos e serviços financeiros melhores? Você deve permanecer refém de uma decisão de anos atrás sem poder participar desta nova festa com juros e tarifas mais atrativas?
Este é apenas um dos problemas que o Open Banking promete solucionar. Já efetivo em países da Europa e da Ásia, este modelo é uma maneira segura de dar acesso às suas informações financeiras aos provedores de serviços bancários.
O que é Open Banking?
Em uma tradução literal do inglês, Open Banking significa “banco aberto” ou “sistema bancário aberto”. Este foi o nome dado a esta cultura de mercado na qual o banco não é mais dono das suas informações. Assim como você pode e deve ter controle sobre o seu dinheiro, decidindo onde utilizá-lo, aplicá-lo ou guardá-lo, assim também deve ser com as suas informações financeiras.
Dentro deste novo universo de possibilidades, cada indivíduo deve ser dono de suas informações bancárias e ter controle do seu inventário de dados. Dessa forma, o consumidor de serviços financeiros pode conceder, às plataformas que lhe interessam, acesso às suas informações na medida que lhe interessar.
Vale ressaltar que este importante passo no desenvolvimento do mercado financeiro no Brasil tem sido orquestrado pelo Banco Central e as instituições participantes necessitam de autorização do mesmo para operar esta tecnologia, garantindo plena segurança dos consumidores.
Qual é a diferença entre Open Finance e Open Banking?
O Open Banking consiste na mudança tecnológica e estrutural do sistema bancário, permitindo o intercâmbio de dados entre as instituições. Os titulares de contas, sejam empresas ou indivíduos, poderão compartilhar seus dados financeiros entre as instituições que lhes interessarem.
Já o Open Finance representa a possibilidade de serviços financeiros serem oferecidos por instituições de diversos setores, não mais exclusivamente bancárias – desde que, claro, obedeçam a todas as regulações vigentes. Como exemplo, podemos citar as contas digitais que nasceram a partir de empresas do varejo. A partir do Open Finance, nasceu um novo mercado de infraestrutura bancária para permitir com que diversas empresas oferecessem serviço de banco – o Banking as a Service (BaaS).
No Brasil, estas nomenclaturas são frequentemente confundidas ou usadas como sinônimos. Este engano é compreensível, já que tais conceitos compartilham de premissas semelhantes, estão se tornando realidade quase simultaneamente e tem efeito semelhante no mercado.
Como funciona?
O Open Banking vai funcionar por meio de APIs abertas. API é uma interface de comunicação entre aplicações – é como se fosse um canal de comunicação pelo qual diferentes sistemas conseguem dialogar entre si.
Esta nova camada de regras e tecnologias vai permitir o compartilhamento de dados de clientes entre instituições financeiras por meio da integração de suas plataformas, considerando um conjunto de rotinas e padrões estabelecidos que permitem a utilização das funcionalidades de um sistema por outras aplicações externas.
O compartilhamento de dados tem sido visto com maus olhos por alguns grupos – como sendo sinônimo de espionagem digital e má fé da parte das empresas envolvidas. Entretanto, a alma do Open Banking busca justamente o oposto. Os dados, agora, podem ser utilizados a favor do indivíduo com liberdade e transparência.
Existem empresas especializadas em fornecimento de APIs para o mercado financeiro. Graças a estes serviços, é possível construir desde soluções financeiras específicas a um banco digital inteiro.
Casos de uso
Da maneira que o mercado funciona atualmente, sem as conexões entre plataformas possíveis por meio do Open Banking, se você possui uma conta no Itaú, Bradesco ou Banco do Brasil, por exemplo, seu histórico e sua reputação são aproveitados apenas na instituição provedora da conta. Agora, isso cai por terra.
Além de usufruir dos benefícios da sua boa reputação em diferentes instituições, correntistas poderão concentrar toda a gestão de suas finanças num só aplicativo, site ou plataforma. Todos estes dados podem trazer, ao usuário, uma melhor compreensão das suas contas e ajudá-lo a otimizar seu dinheiro. Inteligência de software pode ajudar o usuário a otimizar compras recorrentes, encontrando melhores preços. Pagamentos poderiam ser feitos em um único aplicativo, utilizando saldos de diferentes contas.
Estas possibilidades vêm de encontro com o retorno do famoso crediário próprio, também conhecido como Buy Now, Pay Later, onde estabelecimentos comerciais oferecem crédito aos seus clientes.
Estima-se que este movimento cresça tanto em redes de lojas físicas quanto em marketplaces e e-commerces. Os consumidores poderão fazer uso do seu histórico em diversas instituições e, assim, aprovar empréstimos muito mais facilmente graças a esta evolução do sistema de análise de risco.
Será cada vez mais comum vermos varejistas e até indústrias oferecerem serviços de bancos. O mercado traz soluções de aplicativo de conta digital e cartão de pagamentos white label com as quais é possível construir um banco digital inteiro em até 30 dias.
Outra tendência que irá se valer desta tecnologia são os Super Apps. Imagine um único aplicativo que dê acesso a uma grande variedade de recursos e funcionalidades.
Nele, você pode conversar com seus amigos, fazer publicações em texto e vídeo, transmissões ao vivo, pedir comida, chamar um veículo, agendar voos e reservar hotéis, assistir a vídeos e jogar seus games favoritos, alugar um patinete ou bicicleta elétrica. Além disso, guardar seu dinheiro, transfere para os seus contatos e paga por todo tipo de produto ou serviço.
No Brasil, temos plataformas de delivery caminhando nesta direção.
Por que o Open Banking é importante?
Essa transformação traz consigo um mar de oportunidades para todos os players do setor – bancos tradicionais, fintechs e demais segmentos que poderão operar como agentes financeiros. Com as oportunidades, vem a competição que, por sua vez, beneficia todos os consumidores deste nicho.
O Banco Central está mantendo esforços para que esta tecnologia, bem como o pagamento instantâneo (Pix) permaneça segura e funcional. O Pix Cobrança, por exemplo, permite com que empresas implantem o QR Code em seus boletos por meio da API Pix e usufruam dos benefícios do boleto com a velocidade do Pix.
O Open Banking é uma parte fundamentalmente necessária para acompanhar e dar suporte a todo crescimento tecnológico do país.
O futuro do mercado financeiro
Ficou fácil perceber como esta transformação é implacável, não é mesmo? O número de fintechs no mercado vem crescendo a passos acelerados, assim como a oferta de contas digitais e soluções financeiras.
Para dar suporte a toda esta revolução, surgiram empresas especializadas em infraestrutura bancária que prometem ser o motor para esta nova geração de bancos digitais. Graças a estas iniciativas, pode-se hoje, por exemplo, usar Bitcoin ou outras criptomoedas para pagar a conta da padaria com um cartão contactless bandeirado.
O dinheiro dos cidadãos tende a se espalhar, assim como sua informação. A tendência é a convergência em plataformas abertas, para melhor gestão e controle. Isso é Open Banking. Uma evolução natural e saudável do mercado financeiro.
Esse artigo foi produzido pela equipe da Atar B2B, referência em tecnologia financeira. Tenha à sua disposição tudo que sua empresa precisa para acelerar a transformação digital, reduzir custos bancários e desenvolver automações financeiras.