O ano de 2021 fechou de maneira extremamente positiva para investimentos alternativos. O Bitcoin (BTC), por exemplo, fechou com alta de 70% no ano. Ao mesmo tempo, outras criptomoedas tiveram desempenho ainda maior, algumas superando os 1.000% de valorização.
No entanto, a grande febre do ano passado foram os tokens não fungíveis (NFT), um tipo relativamente novo de criptoativo. Com os NFTs surgiu um novo mercado de artes digitais, que apenas em 2021 movimentou mais de R$ 23 bilhões.
Mas o que são NFTs e qual sua utilidade? Por que alguém pagaria milhões para ter um simples arquivo digital? E existe de fato inovação neste mercado?
O que são NFTs?
Conforme explicado no início do texto, NFT é a sigla em inglês para token não fungível. A palavra fungibilidade, pouco conhecida no cotidiano, é bastante utilizada por quem investe em criptomoedas. Um bem fungível é aquele que uma unidade não se diferencia de outras.
Por exemplo, imagine as notas e moedas de dinheiro utilizadas no dia a dia. Elas são bens fungíveis. Uma nota de R$ 100,00, por exemplo, possui o mesmo valor que outra nota de R$ 100,00. Nenhum comerciante dirá que só aceita um tipo de nota, não existe esta distinção.
Dessa forma, bens fungíveis podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Agora imagine outro bem – o quadro da Mona Lisa, por exemplo. A obra-prima de Leonardo da Vinci é única no mundo, não existe outro exemplar igual.
Os NFTs possuem a mesma propriedade da Mona Lisa, ou seja, são únicos no mundo. Eles são criados por meio de um padrão único em blockchain, como o padrão ERC-721 para NFTs criados no Ethereum (ETH).
Este padrão estabelece um tipo de assinatura em blockchain que transforma aquele token em um bem único e exclusivo. Assim, esta assinatura garante que aquela obra digital é original, e não uma falsificação criada por alguém.
NFTs podem ser copiados e replicados, assim como a Mona Lisa já foi alvo de inúmeras falsificações. No entanto, a assinatura em blockchain garante que somente aquela obra é original.
Coleções de NFTs: entenda mais
Devido ao fato de cada NFT ser único, a tecnologia permite a criação de coleções digitais exclusivas. Estas coleções possuem quantidades variadas de itens, mas cada um deles tem a sua assinatura exclusiva.
Nesse sentido, um NFT funciona como uma certificação digital para cada item daquela coleção. O maior exemplo disso é a famosa coleção Bored Ape Yatch Club (BAYC), criada em 2021, composta por 10 mil imagens de macacos.
Cada imagem é diferente das demais, e cada uma delas possui sua assinatura específica em blockchain. Essa exclusividade fornece uma série de garantias aos artistas e compradores da coleção, como:
- Verificação rápida e fácil da autenticidade da obra;
- Numeração específica do NFT e do seu grau de raridade;
- Conferir todo o histórico de transferência da obra;
- Saber quem é seu dono atual e quem já a possuiu.
Essas qualidades fazem dos NFTs uma tecnologia com potencial inovador em diversas áreas. Apesar da associação com artes digitais e imagens, estas assinaturas servem para validar a autenticidade de qualquer conteúdo.
Um escritor poderia lançar seus livros e introduzir neles um certificado de autenticidade em blockchain, garantindo a originalidade de cada obra. Uma banda que deseja registrar suas músicas faria uso semelhante dos NFTs.
5 mil fotos por R$ 380 milhões
Por causa do seu enorme sucesso, os NFTs foram a grande inovação no mercado de arte em 2021. Várias dessas obras chegaram ao ápice de serem leiloadas em tradicionais casas de leilões, como a Sotherby e a Christie’s.
Foi nessa última que ocorreu a maior venda de um único NFT na história até então. O quadro Everydays: The First 5.000 Days, criado pelo artista conhecido como Beeple, foi vendido por US$ 69 milhões em março de 2021. Na época, o valor correspondia a R$ 380 milhões.
A já citada coleção BAYC também explodiu e ganhou popularidade sobretudo entre nomes famosos. Desde estrelas da música até jogadores de basquete, os compradores da coleção se transformaram em um verdadeiro clube de ricos.
Até o jogador brasileiro Neymar entrou na brincadeira, comprando 2 BAYC por R$ 6,6 milhões em janeiro. Como resultado, a coleção movimentou mais de US$ 1 bilhão em 2021 e se tornou a mais valiosa entre os NFTs.
Deixando de lado a euforia, os NFTs possuem valor ao permitir o uso da blockchain para autenticação de provas.
Essa proteção permite que artistas possam proteger suas criações de maneira rápida, fácil e mais barata que nos meios tradicionais. Os NFTs já estão revolucionando o mercado.