Para uma mulher que acabou de ter filho e sente todos os efeitos do pós parto, é importante refletir sobre uma possível nova gravidez. Afinal, as mudanças causadas pela gestação e pelo parto são intensas, e envolvem diversos âmbitos da vida.
Antes da chegada do recém-nascido, a mulher se volta a questões mais práticas de como será a nova rotina. Ou seja, decide as ferramentas que poderão ajudá-la. Dentre elas, estão a poltrona de amamentação, o sutiã de amamentação, a almofada de amamentação, ou até o trocador.
A gestante que acaba de passar pela experiência do parto está imersa num novo contexto de vida. Por isso, todas as decisões que envolvam uma nova gestação devem ser consideradas.
Antes de tudo, confira algumas informações importantes sobre o que envolve a contracepção no pós-parto.
A retomada das relações sexuais no pós parto
Para falar sobre a contracepção no puerpério, é preciso refletir sobre a retomada das relações sexuais. Afinal, o interior do útero da gestante passa por uma recuperação e cicatrização devido às mudanças ocasionadas pela gravidez e pelo parto.
Por isso, a volta da vida sexual é recomendável 30 a 40 dias após o parto. É importante lembrar que devido à queda hormonal, em alguns casos esse período pode ser maior.
Tanto a mãe como o pai podem ter queda de libido devido às mudanças de rotina da casa, que passa experimentar choros do recém-nascido, as novas atividades e preocupações. Assim, a disponibilidade e a importância dada para as relações sexuais mudam.
Sendo assim, é um período vulnerável ao aparecimento de disfunção sexual — que precisa de muito acolhimento e cuidados. Caso esteja passando por isso, não hesite em buscar ajuda profissional.
O aleitamento materno pode impedir uma nova gestação?
De acordo com uma pesquisa da Scielo (Biblioteca Científica Online), feita pela Coordenação dos Institutos de Pesquisa (CIP), o aleitamento pode colaborar no impedimento de uma nova gestação.
Inclusive, por terem acesso à informação de que a amamentação atua como método anticoncepcional, muitos casais retomam a atividade sexual sem utilização de outro método contraceptivo. Porém, é preciso ter cautela.
A proteção pelo aleitamento possui algumas condições:
- Só ocorre caso a mulher ainda não tenha menstruado;
- A mãe deve alimentar o bebê regularmente, com intervalos de três a quatro horas;
- O bebê deve ser alimentado exclusivamente pelo leite materno.
Dessa forma, apesar de ser mais difícil engravidar enquanto a mulher amamenta, é uma forma de proteção com segurança mediana. Ou seja, uma nova gestação pode ocorrer.
Além disso, a mulher volta a ovular cerca de dois meses após o parto. Neste caso, é importante entrar em contato com o médico e alinhar com o parceiro a melhor forma de realizar a contracepção.
Quanto tempo depois do parto devo começar a usar contraceptivo?
De acordo com Flávia Fairbanks, ginecologista e obstetra, especialista em sexualidade da Clínica FemCare, é orientado às mulheres que passem a usar contraceptivo a partir de dois meses após o parto normal.
No caso de cesárea, a recomendação é a partir de um ano. Tudo isso devido à cicatrização do útero e a retomada do organismo em repor a quantidade de ferro e hemoglobina que foram perdidos no parto.
Quais opções de contraceptivo posso utilizar?
Independente de qual tipo de contracepção o casal tenha escolhido, é importante falar com um médico. De toda forma, é possível usar pílulas durante a fase de amamentação. Porém, o medicamento deve ser somente à base de progestagênios.
Pílulas tradicionais, que combinam progestagênio e estrogênio não podem ser utilizadas devido ao estrogênio interferir na qualidade e na quantidade de leite, passar pelo leite e expor o bebê à ação estrogênica.
Além das pílulas, a partir de 40 dias após o parto, é possível também a colocação de DIU (dispositivo intrauterino). Neste caso, existem dois tipos, e ambos podem ser utilizados: o de cobre e o hormonal. Nenhum deles causa prejuízo ou riscos para a amamentação ou para o bebê. Além disso, o casal pode usar os preservativos masculinos e femininos como outras alternativas.
Vale ressaltar que para dar início a algum método contraceptivo, não é necessário esperar a menstruação. No mais, o retorno é variável e não dá para prever o regresso da fertilidade. Assim, é importante buscar incentivo para a manutenção do aleitamento materno exclusivo, por no mínimo seis meses.
Em resumo, o método contraceptivo no pós-parto pode depender do momento de amamentação em que a mulher se encontra e a fase em que se encontra, caso esteja ou não amamentando e o tempo decorrido após o parto. Além, é claro, da decisão do casal sobre qual a melhor forma de evitar uma nova gestação.